domingo, 9 de maio de 2010

Informação, voce é cruel


Tinha uma informação no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma informação, cruel.

Existia um reino muito distante. Neste reino havia um ser chamado informação. Era informação para todos os lados. Não havia um lugar sequer que não houvesse informação. Ela era abundante.

Ela é abundante.

Este reino não era habitado por homens. Os homens pertenciam a outro reino, também distante e havia boatos de que eles eram seduzidos pelo reino da informação. Também se especulava que o homem tinha um coração curioso, mas extremamente desorientado. A informação não tinha gênero, estava abandonada, isolada, a mercê do tempo e das coisas daquele vasto reino. Ate que um belo dia, chuvoso por sinal, tomou uma decisão que iria marcar o resto de sua vida e de todos. Dirigiu-se ao reino dos humanos!

Chegando la...

A informação bate a porta freneticamente. Ela é insistente e indelicada.
Não pede licença e temos sempre a sensação de que não sabemos nada e que sempre esta faltando algo a ser preenchido em nossas vidas e pensamentos. A informação continua batendo. É insistente e indelicada. Pedimos de forma educada para nós mesmos que não aceite porque ela vai ocupar um lugar que diversas vezes, muitas vezes, deveria estar um outro conteúdo, mas nunca temos certeza do que seja esse dado, conteúdo, pensamento, concepção.

A informação bateu novamente a porta. É insistente e indelicada.

Por algum motivo, seja qual for esse motivo e suas razoes, tanto conscientes ou nao, temos uma tendência absurda e repetidora de atender a porta. Algo nos leva ate a porta. A porta é formosa , sedutora como o ouro. Temos consciência de que ela esta la, pronta para ser adquirida, limpa e animadora, mas algo nos incomoda. E quando recebemos o pacote, nada se completa por inteiro e sempre temos esta demanda de procurar um pouco mais para se alcançar esta suposta completude, que nunca chega.

A informação é indelicada demais.

Não parece tão mal educada quando comparamos sua personalidade com suas vestimentas muito bem cuidadas, cheirosas e atuais. ahhhhhhh, atuais, atualizadas! contemporaneas! informação ágil e pouco ortodoxa. Faça um update! Que você agrada-a por demais. Ela se alegra, fica feliz. É extremamente evidente o sorriso q ela exala. Não há como não notar tamanha satisfação quando o clique pula em cima do botão ATUALIZAR. A versão nova da informação sempre nos da essa sensação de que algo ira mudar para melhor. Alguma coisa nos indica e nos leva a ter essa percepção de que uma nova versão desse conteúdo mundial será aperfeiçoada por algum a causa e por algum problema que precisava ser revisto e corrigido! ahhhhh atualidade que se atualiza pela informação.

A informação bate a porta. É insistente e indelicada.

Crescemos e aprendemos que estudar é sempre muito bom, que você só terá êxito com a participação efetiva (afetiva?) junto a informação. As qualificações, parceiras árduas e fiéis a informação estão sempre presentes e sempre nos são apresentadas com força total. por todos os meios e formas. Ser informado é ser funcional. Ser funcional é estar integrado de maneira absoluta a normalidade capitalista: trocar mercadorias para um fim pessoal de satisfação. O ego vai as alturas! Ele realmente atinge o clímax! rs (uma piada a essa altura do campeonato não faz mal a ninguém).

A informação bate a porta. É insistente e indelicada.

Einstein afirmou uma vez uma verdade, dentre várias:
"Quanto mais conhecimento o homem adquire, mais tolo ele fica".
Isso parece ter um significado bem prático. A partir desta ideia, nos dirigimos ao nosso social e não conseguimos perceber algum desenvolvimento cognitivo... Não parece haver desenvolvimento algum em relação a uma desenvoltura subjetiva. Simples:
  • Os valores se inverteram;
  • A pratica perversa é muito vigente
  • As somatizações (sintomas) andam em alta como nunca.
  • [voce adicionaria alguma (coisa) ?]

Esta historia não termina nunca.. Não acha ?


A informação bateu novamente a porta..
Ela não foi insistente
Muito menos indelicada.
Ela acreditou fielmente que estava em casa
Não há lugar melhor do que o nosso lar - disse a informação
O homem ficou perplexo, entusiasmado, eufórico e extremamente louco
O homem estava desorientado mas resolveu acreditar
Pra que? Para sobreviver zelosamente iludido
Ferido...
Sem consciencia da dor
A informação atingiu novamente o clímax..