sexta-feira, 13 de março de 2009

Liberdade fica ali detrás do muro. Que muro...





Faz algum tempo que necessito pessoalmente escrever a respeito do famoso termo liberdade. Sempre estive, como é de práxis de um psicólogo, observando os acontecimentos e seus fenômenos vigentes nos dias e algo me levou a tentar entender a fonte dessa coisa que chamamos de liberdade. Algo “deslizou” (Lacan, você conhece?)

Pensar a respeito da liberdade é automaticamente prudente refletir em paradigmas e contextos de algum contexto social, no caso o nosso social. Os mundos de hoje (não esquecam da nossa evidente pluralidade), melhor dizendo, a dinâmica de comportamentos da atualidade estão ai presentes, se expondo como uma forma maravilhosamente limpa, presente e ao mesmo tempo tão ilusória e perversa, sem nenhum tipo de produção e elaboração para com uma idéia e um comportamento saudável. Bem, devemos entender que o termo ilusório corresponde a um sentido superficial. Pode-se ilustrar fazendo-se uma analogia a um grande mago que faz truques imbecis para uma multidão delirante que incrivelmente consegue cumprir o papel da loucura de acreditar irrefutavelmente a respeito dessa coisa que supostamente acreditamos ser permissível e digna de ser seguida. Também seria enganosa quando se estabelece nos meios como produtiva e muito eficaz. O contexto do mundo, principalmente de uma conjetura democracia nos alerta com muita propriedade de que estamos livres e prontos para propor qualquer ato, ação, parecer sobre o social, questionamentos sobre o que nos é apresentado, enfim, toda funcionalidade social e a porção que a envolve. Mas será que realmente possuímos dada autonomia?

Liberdade: uma opinião política.

Se olharmos para o campo político das manifestações e fenômenos sociais, o neoliberalismo pode ser uma explicação para esta resposta. Talvez surja uma dúvida iminente a respeito do que haveria em comum na relação ideologia neoliberalista e a liberdade de ir e vir (fazer?) que cada um de nós emite sobre as nossas próprias vidas e conseqüentemente, sobre a vida do outro que é posto diante de nós. Porem, se tivermos uma visão mais ampliada remetida para fora da janela de nossas casas e observarmos as relações humanas e a própria dinâmica do sujeito ou até mesmo com um olhar mais crítico (cientifico?) sobre as representações sociais, poderemos perceber que o sistema em que estamos inseridos (soldados?) nos pede constantemente para obedecermos uma mão invisível sobre o nosso direito de ir, vir e talvez fazer. Maneira sugestiva, imposta, involuntária? Acredito que os condicionamentos e as próprias banalizações dos nossos viveres são dirigidos com uma ênfase maior para a terceira opção. Terceira opção = “involuntária” para os menos favorecidos de interpretação (psicólogos? rs). Tudo brincadeira, acredite.

Continuando... Este termo, criado a partir dos anos 70, definia uma liberdade nos meios produtivo do sujeito como maneira ideológica de pensar e seguidamente, o próprio ato de agir. Pensar esta completamente imputado numa ideologia que enriquece uma autodeterminação no sujeito. Eu sei que tenho que explicar o que acabei de escrever. Vamos La.. Explicando: nossa vida cotidiana, social, nossas relações humanas estão presente, estamos filiados a ela e todas as suas diretrizes constituídas e ser adepto a esses comportamentos torna o sujeito autônomo, livre, com condutas não proibitivas em relação aos seus desejos sempre fervorosos e atuantes. Que grande equívoco... O ato de não proibir ou limitar o sujeito dá-lhe o livre acesso de ocupar qualquer posição que for desejada, desde que os limites de suas idéias (ações?) sejam avaliados, confirmados e permitidos pelo sistema. Um exemplo é sempre muito bom: João, brasileiro, casado e pai de 3 filhos, ganancioso como qualquer humano vivente. Terá a permissão do sistema em criar uma microempresa. Esta ação é permitida pela ideologia liberalista de ir e vir. Só que existe uma variável estranha nesta historia -as conseqüências das ações que envolvem o fazer de João torna esta atitude de uma parte formadora do sistema (sujeito livre?) como balizada. As conseqüências podem ser ruins para João. As conseqüências podem ser incômodas para João. As conseqüências podem ser uma grande lástima para João. Enfim, a empresa de João pode dissolver diante de um possível insucesso. Enfim II - João quebrou! E juntamente com sua empresa, seu ego pode desmoronou em meio a uma grande frustração e sensação de fracasso. Mas adivinhe quem é culpado disso, o próprio João, pois o sujeito João é livre! Risadas, risadas, risadas.

Talvez por isso o fazer não seja tão libertino como se apresenta ser por todos os meios possíveis. Esta liberdade, agora, passa a ter um declínio para com sua essência.

Liberdade: busca de uma verdade.

Creio que sejamos livres mesmo. A pancada de viver e ser é colocada diante de nós a todo o momento.. A todo instante, a todo respirar de mais um pensamento em vão. Não? . Não consigo mais entender a tamanha covardia do sistema (nervoso central?) em nos propor que somos autônomos, livres para toda conduta de viver. A palavra liberdade não deverá existir. A palavra liberdade deveria existir. Sim, confuso. Talvez confuso pelo parâmetro de que sabemos que não somos livres, que não somos donos de ninguém, nem de nós mesmo segundo Freud, de nada, mas continuamos deduzindo para si e para os outros de que somos libertos. Que liberdade mais maldita. Liberdade que nos aprisiona num muro invisível pintado por uma mão também invisível. (risos)

Liberdade: Talvez

Talvez um dia respeitemos a condição de sermos donos de nossas próprias ações e das conseqüências dessas ações.

Talvez um dia teremos a possibilidade de criar novos devires em relação ao nosso ser, pois talvez quem sabe, descobriremos o nosso próprio ser e a própria maneira de existir.

Talvez na descoberta do desdobramento profundo do nosso ser,possamos ser mais éticos, mais altruístas e menos egoísta. Pois o egoísmo é fruto desta falta de liberdade. Desta falta de descobrimentos e pela ilusão de sermos conscientes de nós mesmos. (uma outra história)

Talvez eu e você possamos assimilar e engolir que o mundo, o sistema nos faz engolir um grande batráquio todos os dias em suas devidas refeições de troca. Sim, uma barganha que nos condiciona que somos ou seremos livres, mas com devidas algemas entrelaçadas em seus precisos lugares invisíveis.

Talvez nossa insignificância perante o tamanho do universo tenha validade para alguma coisa de produtiva no futuro e o homem consiga se encontrar verdadeiramente buscando coisas que estão tão próximas mas insistindo em permanecerem distantes, morosas. Pouco explorado esse grande e gigantesco universo, TALVEZ, chamado de EMOÇÃO, AFETO, SENTIMENTO, SUBJETIVIDADE, enfim, coisas que a gente sente de vez em quando. Ou seria sempre?

Talvez, talvez, talvez muita coisa. Pois o TAL líder elitista mandou fazer e o “chefinho mandou” continua insistindo em obedecer e a VEZ de brincar não tenha tanta graça.

Liberdade: Certeza

O caminho se torna cada dia mas incerto
O caminho se propoe cada dia mais tortuoso
O caminho deixou de ser liso e agora esta cheio de pedregulhos
O caminho é esse, ai - no banheiro, especular, pensante, pulsante e cheio de agenciamentos (possibilidades)
O caminho espera? sim, com esperança no porvir, pois ela existe.
Entao ainda ha uma expectativa boa, desde que...

O que você acha?

(...)

Um comentário:

  1. Liberdade... palavra complexa que por você foi trabalhada de forma brilhante com críticas bastante fundamentadas e coerentes.

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